Esse artigo é uma tradução de Nader Dabit feita por @bananlabs. Você pode encontrar o artigo original aqui
Se você está lendo isso então você é um participante da nova web . A web que estamos experienciando hoje é muito diferente do que era 10 anos atrás. Como a web evoluiu, e o mais importante ‒ para onde ela está indo em seguida? E também, por que tudo isso importa?
Se aprendemos alguma coisa com a história, estas mudanças importam bastante.
Neste artigo, vou explicar como a web evoluiu, para onde ela está seguindo, e porque isto é importante.
Pense o quanto a internet afeta a sua vida diariamente. Considere o quanto a sociedade mudou graças à internet. Plataformas de redes sociais. Aplicativos móveis. E agora a internet está entrando em uma nova mudança de paradigma neste exato momento em que conversamos.
A Evolução da Web
A web evoluiu bastante ao longo dos anos e as aplicações de hoje em dia são quase irreconhecíveis para aquela web dos primórdios. A evolução da web é frequentemente dividida em três fases separadas: Web 1.0, Web 2.0 e Web 3.0.
O Que é a Web 1.0?
A Web 1.0 foi a primeira iteração da web. A maioria dos participantes eram consumidores de conteúdo e os criadores eram comumente os desenvolvedores que construíam os websites que continham informações que eram entregues em sua maioria no formato de texto e imagem. A duração da Web 1.0 foi aproximadamente entre os anos de 1991 a 2004.
A Web 1.0 consistia principalmente de sites que entregavam conteúdo estático em vez de HTML dinâmico. Os dados e o conteúdo eram entregues através de sistema de arquivos estático no lugar de um banco de dados, e os sites não tinham nenhuma interatividade.
Podemos pensar na Web 1.0 como uma web somente de leitura.
O Que é a Web 2.0?
A maioria de nós primariamente experienciou a web na sua forma atual, comumente conhecida como web2. Podemos pensar a web2 como a web social e interativa.
No mundo da web2, você não precisa ser um desenvolvedor para participar do processo de criação. Muitos aplicativos são construídos de uma maneira que facilmente possibilita que qualquer pessoa seja um criador.
Se você quiser construir um pensamento e compartilhar com o mundo, você pode. Se você quiser subir um vídeo e permitir que milhões de pessoas o vejam, interajam com ele e comentem, você pode fazer isto também.
Web2 é simples, de fato, e por causa dessa simplicidade mais e mais pessoas, pelo mundo, estão se tornando criadoras.
A web na sua forma atual é realmente ótima em várias formas, mas há algumas áreas que podemos fazer muito melhor.
Monetização e Segurança da Web 2.0
No mundo da web2 muitos aplicativos populares estão seguindo um padrão comum nos seus ciclos de vida. Pense sobre os aplicativos que você usa diariamente e como os exemplos seguintes podem ser aplicados a eles.
Monetização dos Aplicativos
Imagine os primeiros anos de aplicações populares tais como Instagram, Twitter, Linkedin ou YouTube e o modo como eles são diferentes hoje em dia. O processo geralmente segue desta forma:
- A companhia lança um aplicativo.
- Ela integra o maior número de usuários possível.
- Então ela monetiza sua base de usuários.
Quando uma companhia ou desenvolvedor lança um aplicativo popular a experiência de usuário é bem fluída enquanto o aplicativo cresce em popularidade. Esta é a razão, em primeiro lugar, que eles são hábeis em decolar de forma rápida.
No início, muitas empresas de software não se preocupam sobre monetização. Elas focam estritamente no crescimento e em prender a atenção de novos usuários ‒ mas eventualmente elas têm que começar a se tornar lucrativas.
Elas também têm que considerar o papel de investidores externos. Muitas vezes, as restrições impostas por assumir coisas como capital de risco afetam negativamente o ciclo de vida, e eventualmente a experiência do usuário, de muitas aplicações que usamos hoje em dia.
Se uma empresa que constrói uma aplicação recebe capital de risco, estes investidores frequentemente esperam um retorno do investimento na ordem de grandeza de dezenas ou centenas a mais do que pagaram.
Isto significa que, em vez de seguir algum modelo sustentável de crescimento que eles possam suportar de maneira orgânica, a empresa é geralmente empurrada para dois caminhos: publicidade ou a venda de dados pessoais.
Para muitas empresas web2 como Google, Facebook, Twitter, e outras, mais dados levam a anúncios mais direcionados. Isto leva a mais cliques e consequentemente a mais receita vindo dos anúncios. A exploração e a centralização dos dados dos usuários são essenciais para a web, que conhecemos e usamos atualmente, seja arquitetada para funcionar.
Segurança e Privacidade
Aplicações Web2 sofrem constantemente vazamento de dados. Existem até mesmo websites dedicados a acompanhar estes vazamentos e informar quando os seus dados foram comprometidos.
Na web2, você não tem nenhum controle sobre seus dados e como eles são armazenados. De fato, as empresas com frequência rastreiam e coletam dados dos usuários sem o consentimento deles. Todos esses dados são de propriedade e controlados pelas empresas que estão no comando destas plataformas.
Usuários que moram em países onde precisam se preocupar com as consequências negativas da liberdade de expressão estão também correndo risco.
Os governos costumam geralmente desligar servidores ou confiscar contas bancárias se eles acreditarem que alguém está expressando uma opinião que vai contra sua propaganda. No caso de servidores centralizados, é muito fácil para os governos intervirem, controlarem, ou encerrarem as aplicações da maneira que eles acharem melhor.
Como os bancos também são digitalizados e sob controle centralizado, os governos também frequentemente intervêm neles. Eles podem encerrar acesso às contas bancárias ou limitar o acesso a fundos em períodos de volatilidade, extrema inflação, ou outra agitação política.
A Web3 tem o objetivo de solucionar muitas destas deficiências ao repensar, fundamentalmente, como arquitetamos e interagimos com aplicações a partir de sua base.
O Que é Web 3.0?
Há poucas diferenças fundamentais entre web2 e web3, mas a descentralização é a diferença que está em seu núcleo.
Web3 melhora a internet que conhecemos hoje com algumas outras características adicionais. Web3 é:
- Verificável
- Sem necessidade mínima de confiança
- Autogovernável
- Não permissionada
- Distribuída e robusta
- Aplicação dependente de estado (Stateful)
- Pagamentos nativos embutidos
Na web3, os desenvolvedores, geralmente não desenvolvem e implantam aplicações que são executadas em um único servidor ou que armazenam seus dados em um único banco de dados (normalmente hospedado e administrado por um único provedor de serviço de nuvem) .
Em vez disso, as aplicações web3 são executadas em blockchains, redes descentralizadas com muitos nós (servidores) ponto-a-ponto, ou em uma combinação dos dois que formam um protocolo cripteconômico. Estas aplicações geralmente são denominadas Dapps (aplicações descentralizadas), e você vai ver este termo sendo utilizado frequentemente dentro do universo web3.
Para se alcançar uma rede descentralizada estável e segura, os participantes da rede (desenvolvedores) são incentivados e competem para fornecer serviços de altíssima qualidade para qualquer pessoa que use o serviço.
Quando você ouve falar sobre web3, você percebe que criptomoedas são frequentemente parte da conversa. Isto se dá porque as criptomoedas têm um papel muito importante em muitos destes protocolos. Elas oferecem incentivos financeiros (tokens) para qualquer pessoa que queira participar criando algo, administrando, contribuindo, ou melhorando os projetos.
Estes protocolos geralmente podem oferecer uma diversidade de serviços tais como, computação, armazenamento, largura de banda, identidade, hospedagem e outros serviços web normalmente oferecidos por provedores de nuvem no passado.
As pessoas podem ganhar a vida participando destes protocolos de diversas maneiras, tanto no nível mais técnico como no não -técnico.
Os consumidores destes serviços normalmente pagam para usar o protocolo, da mesma forma que eles hoje pagariam para um provedor de nuvem como a AWS. Com a exceção de que, na web3, o dinheiro vai diretamente para os participantes da rede.
Nesta, como em muitas outras formas de descentralização, você verá que intermediários desnecessários e frequentemente ineficientes são descartados.
Muitos protocolos de infraestrutura da web, como, Filecoin, Livepeer, Arweave, e The Graph (com o qual eu trabalho na Edge & Node), emitiram tokens utilitários que governam como estes protocolos funcionam. Estes tokens também recompensam os participantes em diversos níveis da rede. Até mesmo uma blockchain nativa como Ethereum opera desta maneira.
Pagamentos Nativos
Os tokens também introduzem uma camada nativa de pagamentos que é totalmente sem fronteiras e sem atritos. Empresas como Strike e Paypal criaram bilhões de dólares ao possibilitarem pagamentos eletrônicos.
Estes sistemas são excessivamente complexos e ainda não possibilitam uma verdadeira interoperacionalidade internacional entre seus participantes. Eles também exigem que você entregue suas informações sensíveis e dados pessoais para utilizá-los.
Carteiras cripto, como MetaMask e Torus, possibilitam a integração de maneira fácil, anônima e segura de pagamentos e transações internacionais dentro de aplicações web3.
Redes como Solana oferecem oferecem latência de várias centenas de dígitos de milissegundos e custos de transação de uma pequena fração de centavos. Ao contrário do sistema financeiro atual, os usuários não têm que seguir os numerosos e burocráticos passos para participar e interagir com a rede. Tudo o que eles precisam fazer é baixar e instalar uma carteira e podem começar a enviar e receber pagamentos sem nenhuma barreira de entrada.
Uma Nova Maneira de Construir Empresas
Os tokens também trazem a ideia de tokenização e a construção de uma economia de token.
Tome, por exemplo, o estado atual da construção de uma empresa de software. Alguém pode chegar com uma ideia, mas para começar a construir eles necessitam de dinheiro para custear essa ideia.
Para conseguir o dinheiro, eles assumem um capital de risco e em troca cedem uma porcentagem da empresa. Este investimento imediatamente introduz incentivos desalinhados que, a longo prazo, não se alinharão bem com a criação da melhor experiência do usuário.
E também, se porventura a empresa se tornar um sucesso, levará um longo tempo para aqueles envolvidos obterem algum valor, frequentemente levando anos de trabalho sem nenhum retorno real sobre o investimento.
Em vez disso, imagine que um novo e empolgante projeto que soluciona um verdadeiro problema é anunciado. Qualquer pessoa pode participar em sua criação ou investir no projeto a partir de seu primeiro dia. A empresa anuncia um lançamento de número x de tokens, e dá 10% para os primeiros que construírem, coloca 10% à venda para o público, e deixa o restante para pagar contribuintes e investimentos futuros do projeto.
Os stakeholders podem utilizar seus tokens para votar em mudanças para o futuro do projeto, e as pessoas que ajudaram a construir o projeto poderão vender alguns de seus tokens para obter algum lucro após eles terem sido lançados.
As pessoas que acreditam no projeto podem comprar e manter a propriedade, e as pessoas que acreditam que o projeto está tomando uma direção errada podem sinalizar isso vendendo suas participações em tokens.
Como os dados na blockchain são completamente públicos e abertos, os compradores têm total transparência sobre o que está acontecendo. Isto contrasta com a compra de participações em negócios privados ou centralizados, em que muitas coisas são muitas vezes envoltas em segredo.
Isto tudo já está acontecendo no mundo da web3.
Um exemplo é o aplicativo Radicle (uma alternativa descentralizada ao github) que permite aos stakeholders participar na governança do projeto. O Gitcoin é outro que possibilita que desenvolvedores sejam pagos em criptomoedas quando eles trabalham em algum problema de código aberto. O Yearn possibilita aos stakeholders participar em tomadas de decisão e votar em propostas. Uniswap, SuperRare, The Graph, Audius, e outros inúmeros protocolos e projetos emitiram tokens como uma forma de conferir propriedade, participação e governança.
DAOs (Organizações Autônomas Descentralizadas), que oferecem uma alternativa para criar o que se acreditava tradicionalmente ser uma empresa, estão ganhando um tremendo impulso e investimento tanto por desenvolvedores tradicionais como empresas de capital de risco.
Estes tipos de organizações são tokenizadas e estão virando de cabeça para baixo a ideia de uma estrutura organizacional, oferecendo propriedade verdadeira, líquida e equitativa a um grande número de stakeholders e alinhando os incentivos de novas e interessantes maneiras.
Por exemplo, a Friends with Benefits é uma DAO de criadores e artistas web3, já possui um ano de existência, e uma capitalização do mercado por volta de $125 milhões no momento que escrevo este artigo, e recentemente recebeu $10 milhões numa rodada de investimentos feita pela a16z.
Daria um artigo inteiro para falar somente sobre DAOs, mas por agora eu apenas diria que acredito que elas serão o futuro da criação de produtos e (o que no passado chamávamos de) empresas. Aqui está uma boa postagem esboçando o atual panorama das DAOs.
Como Identidades Funcionam na Web3
Na web3, a identidade também funciona de uma maneira bem diferente do que estamos acostumados atualmente. Na maioria das vezes nos aplicativos web3, as identidades estarão vinculadas ao endereço da carteira do usuário interagindo com o aplicativo.
Diferente dos métodos de identificação da web2, tais como, OAuth ou email + senha ( o que quase sempre requer que os usuários entreguem informações sensíveis e pessoais), endereços de carteiras são completamente anônimos a menos que o usuário decida vincular sua própria identidade a ela publicamente.
Se o usuário escolher usar a mesma carteira entre múltiplos dapps, sua identidade pode ser perfeitamente transferível entre estes aplicativos, o que permite ele construir sua reputação ao longo do tempo.
Protocolos e ferramentas como Ceramic e IDX já possibilitam aos desenvolvedores construir uma identidade autossoberana nestas aplicações para substituir as camadas tradicionais de autenticação e identidade. A Fundação Ethereum tem um RFP (Request for Proposals) funcional para definir uma especificação “Sign in com Ethereum" que ajudaria a oferecer um modo mais simplificado e documentado de fazer isso daqui para frente. Este também é um bom tópico que esboça algumas das maneiras pelas quais isso melhoraria os tradicionais fluxos de autenticação.
Como Desenvolver na Web3
Eu sou um desenvolvedor que recentemente migrou para o universo web3 vindo de um tradicional background de desenvolvimento. Então eu quis começar a desenvolver para sentir como era essa experiência de desenvolvimento. E eu quis obter um entendimento sobre os tipos de aplicativos que podemos construir hoje.
Eu mergulhei direto nisso e decidi documentar algumas das coisas que eu fiz em alguns posts de blog.
Como Começar com Ethereum, Crypto e Web3 como Desenvolvedor
- Aqui é uma introdução geral neste universo, vindo de um desenvolvedor para desenvolvedores procurando se iniciar nesta indústria.
O Guia Completo Para o Desenvolvimento Full Stack em Ethereum
- Este é um tutorial que ensina a desenvolver seu primeiro dapp.
O Guia Completo Para o Desenvolvimento Full Stack em Solana com React, Anchor, Rust e Phantom
- Este guia mergulha em Solana para te mostrar como construir um dapp full stack.
Se você está interessado em aprender mais sobre web3 em geral você pode conferir estes posts:
A Nova Economia de Criadores - DAOS, Propriedade da Comunidade e Criptoeconomia
A Cadeia de Valor do Metaverso Aberto
A Ascensão das Micro-Economias
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