Em 2009, eu defendi a minha tese de mestrado no tema "Padrões para Introduzir Novas Ideias". Na época, agilidade ainda era algo desconhecido e obscuro para a maioria das empresas. Para elaborar a tese, eu apliquei esses padrões para ajudar as pessoas em uma empresa de tecnologia a entender a importância de agilidade no processo de desenvolvimento de software. A monografia se baseou amplamente nas ideias do livro Fearless Change de Mary Linn Manns e Linda Rising, duas sumidades na comunidade ágil.
Além de aplicar os padrões do livro no meu estudo de caso, eu também criei alguns padrões adicionais, propondo algumas técnicas adicionais. O título de um desses é Faça Arte:
Eu queria convencer as pessoas de que o uso de testes automatizados era benéfico e fundamental para o desenvolvimento de software de qualidade. Mesmo depois de falar muito sobre o assunto e mostrar muitos livros e artigos sobre testes, parecia que as pessoas ainda não tinham se convencido de que usá-los era realmente importante. Decidi então compor uma paródia sobre o tema. Percebi que após ouvir a composição, as pessoas começaram a simpatizar mais com testes
Para implantar uma ideia no inconsciente das pessoas, faça Arte.
Eu escrevi assim:
Crie objetos artísticos sobre a sua ideia ou promova sessões para que as pessoas criem sua própria obra de arte.
O objetivo desse padrão era tentar usar obras de arte (músicas, pinturas, desenhos, filmes, etc) para apresentar ideias inovadoras para as pessoas. Foi assim que surgiu a ideia do Samba do Teste Automatizado.
Para concluir meu mestrado, eu precisaria defender a monografia sobre Padrões para uma banca examinadora. Teria que convencê-los, de alguma forma, que essas ideias eram válidas e úteis para a ciência e a sociedade. Novamente, decidi usar o padrão Faça Arte para apresentar as ideias da tese. Criei uma encenação teatral sobre o tema, com a ajuda da minha mestre de teatro Jolanda Gentilezza. O vídeo viralizou na época e recebi muitos feedbacks positivos.
Continuei aplicando esses padrões ao longo de toda a minha carreira, tendo sempre a confirmação do quão eficazes eles são. Mais uma vez, agora no meu doutorado, criei uma encenação teatral para explicar meu PhD sobre um Modelo de Maturidade para Ecossistemas de Startups. Provavelmente essa tese de doutorado é uma das poucas no Brasil que conseguiu atingir um público de mais de mil pessoas (na verdade 1864 até hoje). Claro que o conteúdo e qualidade da tese é o mais importante. Mas sabemos muito bem que não adianta ter o melhor produto, é preciso que ele seja conhecido e usado pelas pessoas para causar um real impacto no mundo.
Nesse aspecto, a arte se tornou uma grande aliada do movimento web3. Milhares de pessoas estão usando o padrão Faça Arte, não só para ganharem dinheiro, mas para tornarem seus projetos e suas ideias e teses mais conhecidas. A grande diferença é que agora, com a existência dos NFTs, a arte, o marketing e o produto se misturam. Agora é possível monetizar não só o produto mas também a arte.
Escrever software também é uma atividade artística. Nosso software é nossa criação, nossa arte. Através dele expressamos nossas ideias e imprimimos nossa cultura. A obra de arte pode não ter utilidade ou valor aos olhos de todos. Mas se alguém paga é porque esse alguém vê valor. O valor dado pode ser qualquer coisa que cause satisfação a pessoa, seja física ou emocional. Os NFTs são uma nova forma de escrever software, de expressar valor, de receber e trocar valor. NFT é software. NFT é arte.
Vinte e três anos depois, eu me vejo revisitando o Padrões para Introduzir Novas Ideias, não mais para trazer os conceitos de agilidade para as pessoas, já que esse conhecimento já está bastante disseminado pelo mundo. Agora é a vez de usar os padrões para trazer os conceitos de web3 para o público geral. Quantos mais essas obras de arte sobre web3 estiverem presentes nas vidas das pessoas, mais a nova cultura se espalha.
Então, fica o convite para todos nós: Faça Arte. Crie uma coleção visual de NFT, crie uma música em NFT, um curta-metragem, um software, ou qualquer outra obra que simbolize as suas ideias e o que você deseja imprimir no mundo. É a nossa arte, tocando o coração das pessoas, que tem o poder de transformar a sociedade.
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