WEB3DEV

Cover image for Terra (LUNA): O que aconteceu? O que mudou?
José Victor Dantas
José Victor Dantas

Posted on

Terra (LUNA): O que aconteceu? O que mudou?

Terra 2.0 está oficialmente online. Com o airdrop sendo realizado, veja o que aconteceu e quais foram as mudanças.

Durante as últimas semanas, a comunidade crypto recebeu um grande choque com o colapso abrupto do ecossistema Terra. Depois que a stable coin algorítmica UST perdeu a paridade com o dólar, a força vendedora foi tão forte que o algoritmo não conseguiu reaver a paridade antes que tivesse implodido o valor da LUNA, que chegou literalmente a $0.
Isso se deve ao seu design que, para alguns, tinha um ponto de falha muito grande e estava fadada a falhar.

Como a LUNA e o UST se relacionavam?

Para manter a paridade com o dólar americano, o algoritmo por trás do UST se utilizava de uma rede de arbitradores, que compravam e vendiam a criptomoeda da comunidade (LUNA, que também é o token de governança da rede), fazendo o mint e burn da criptomoeda de forma a manter o equilíbrio da stable coin. O que foi repetido nas outras stable coins do ecossistema.

Para que você possa comprar UST, você precisará mintar UST, pagando o valor corrente em LUNA. O protocolo faz o burn de LUNA, diminuindo sua oferta, forçando o preço de LUNA a subir.

O contrário também é válido. Para que você possa comprar LUNA, você precisará mintar LUNA, pagando o valor corrente em UST, ou em qualquer outra das stablecoins algorítmicas do ecossistema. O protocolo então faz o burn da stable coin, diminuindo sua oferta, forçando o seu preço a subir.
Os arbitradores por sua vez, são necessários e ganham com esse sistema ao se aproveitarem do potencial de arbitragem criado pelo mesmo, ganhando nas pequenas diferenças de preço, eles ajudam a manter o preço do UST com a paridade ao vender LUNA por UST, quando o preço do mesmo está menor que $1, e ao comprar LUNA quando o preço do UST está maior que 1$.

Por exemplo, se o UST chegasse a $0.97, os árbitradores poderiam comprar uma quantidade “x” a esse preço e depois vender por $1 de LUNA. Fazendo isso, a oferta de UST diminui e seu valor tende a voltar a $1, na teoria.

O que deu errado?

A elasticidade da oferta de LUNA teoricamente deveria garantir a paridade das stablecoins do ecossistema, mas para isso os arbitradores teriam que continuar a ter interesse em arbitrar os preços dessas stable coins.

Se eles decidissem que alguma stable coin, como o UST, não conseguisse mais manter o valor esperado e falha-se, eles não iriam ter mais o interesse em arbitrar o preço de volta ao valor esperado. Então todo o sistema se sustentava na animosidade dos seus participantes.

Desde meados de março havia questionamentos sobre o que aconteceria caso o market cap do UST ultrapassasse o de LUNA, esses questionamentos e o bear market que já dura meses começava a minar a confiança dos agentes do mercado.
Em 9 de maio, o UST perdeu sua paridade e isso causou pânico, ao mesmo tempo que o preço do UST chegou a menos de $0.32 centavos, criando uma oportunidade brutal para os arbitradores, que começaram queimar UST, que estava com o preço menor que $1, por $1 de LUNA, que teoricamente, como no design, faria com que a oferta de UST fosse destruída e seu valor fosse forçado a subir. Porém, a força vendedora causada pelo temor dos investidores foi tão grande, que antes que a paridade fosse restabelecida, o mint de LUNA em excesso criou uma oferta massiva de mais de 6 trilhões de LUNA, uma expansão tão grande que não era possível absorver essa quantidade de LUNA no mercado, fazendo que seu preço fosse a $0.

Bilhões foram perdidos, fortunas aniquiladas, num dos episódios mais dramáticos que já vimos no universo cripto, que com certeza ficará gravado em sua história.

O que temos de novo?

Agora, depois de várias propostas, a comunidade votou em uma que é essencialmente um hard fork da blockchain implodida, proposta criada pelo antigo criador da rede, Do Kwon, mas com algumas mudanças.

O plano tem como objetivo:

  • Criar uma nova blockchain Terra que não terá uma stable coin algorítmica, ela terá apenas os bridges para USDT e USDC. A blockchain antiga será renomeada para Terra Classic, LUNA ficará com o ticket LUNC e a nova ficará com o token chamado LUNA.

  • Fazer o airdrop da nova LUNA para os stakers de LUNA Classic, holders de Luna Classic e UST residual e para os developers essenciais da antiga blockchain, que estavam envolvidos nos principais projetos da comunidade. (Vale notar que a Terraform labs se excluiu do airdrop)

  • Alocar uma porção da distribuição para um fundo de emergência para os developers dos dapps existentes na comunidade e alinhar o interesse dos mesmos com o sucesso de longo prazo da rede.

  • Segurança de rede a ser incentivada com a inflação do token. Recompensas de staking com alvo de 7% a.a.

Conclusão

A nova blockchain deve manter seu brilho apenas com as oportunidades e interesses criados pelo uso dos ativos para serviços e utility em seus dapps nativos, já que as grandes oportunidades de arbitragem criadas pelo seu antigo design foram removidas com o fim do uso de stable coins algorítmicas. Isso deve trazer uma certa estabilidade para a rede, mas uma diminuição nos volumes transacionados em seus principais ativos, mesmo mantendo as dinâmicas da rede original. Se as ações propostas no plano irão criar uma nova credibilidade a nova blockchain e se os participantes continuarão a ter seus interesses atraídos para a mesma, só o tempo dirá.

Top comments (0)