As criptomoedas são ativos digitais que utilizam a tecnologia blockchain para garantir a segurança e a confiabilidade das transações. No Brasil, o interesse por esses ativos vem crescendo nos últimos anos, mas ainda há muitas dúvidas sobre a sua regulamentação e o seu potencial. Neste artigo, vamos abordar os conceitos básicos de segurança e blockchain, bem como a arquitetura do Hyperledger, uma plataforma que permite a criação de blockchains personalizadas. Também vamos comparar as diferenças entre blockchains públicas e privadas, como o Ethereum e o Real Digital, que utilizam diferentes modelos de permissão.
Segurança e Blockchain: A segurança é um aspecto fundamental para o funcionamento das criptomoedas, pois evita que as mesmas sejam gastas mais de uma vez ou falsificadas. A blockchain é a tecnologia que garante essa segurança, pois consiste em uma cadeia de blocos que registra todas as transações realizadas na rede. Cada bloco contém um código criptográfico que o liga ao bloco anterior, formando uma sequência imutável e verificável. Assim, qualquer tentativa de alterar ou apagar um bloco seria facilmente detectada pelos demais participantes da rede.
A blockchain funciona de forma descentralizada, ou seja, não depende de uma autoridade central para validar as transações. Ao invés disso, utiliza um mecanismo de consenso entre os nós da rede, que são os computadores que armazenam e atualizam a blockchain. Esse mecanismo pode variar de acordo com o tipo de blockchain, mas geralmente envolve algum tipo de incentivo para que os nós contribuam para a segurança da rede. Por exemplo, na rede Bitcoin, os nós que validam os blocos são chamados de mineradores e recebem uma recompensa em bitcoins por cada bloco minerado.
Arquitetura do Hyperledger e Diferenças entre Blockchain Pública e Privada: O Hyperledger é um projeto da Linux Foundation que visa facilitar o desenvolvimento de blockchains para diferentes fins. Ele oferece uma arquitetura modular e flexível, que permite aos desenvolvedores escolher os componentes mais adequados para cada caso. Por exemplo, é possível definir o tipo de consenso, o modelo de permissão, o formato dos dados, a linguagem de programação e as interfaces de comunicação.
Uma das principais diferenças entre as blockchains é o modelo de permissão, que define quem pode participar da rede e quais são os seus direitos e deveres. As blockchains públicas são aquelas que permitem que qualquer pessoa se junte à rede, faça transações e verifique o conteúdo da blockchain. Elas são mais abertas e transparentes, mas também mais vulneráveis a ataques e congestionamentos. Um exemplo de blockchain pública é o Ethereum, que além de ser uma criptomoeda, também permite a criação de contratos inteligentes e aplicações descentralizadas.
As blockchains privadas são aquelas que restringem o acesso à rede a um grupo limitado de participantes, que devem ter uma autorização prévia para entrar. Elas são mais fechadas e controladas, mas também mais eficientes e seguras. Um exemplo de blockchain privada é o Real Digital, que é uma iniciativa do Banco Central do Brasil para criar uma versão digital da moeda nacional. O Real Digital utiliza a arquitetura do Hyperledger e é compatível com a Ethereum Virtual Machine (EVM), o que possibilita a criação de contratos inteligentes na plataforma.
O piloto do plano real também gerou polêmica entre os entusiastas das criptomoedas, que criticaram alguns aspectos do projeto que contrariam os princípios de descentralização e autonomia das moedas digitais. Isso ocorreu porque o BACEN liberou o “Kit Onboarding - Piloto Real Digital”, que contém as especificações técnicas e operacionais para os participantes da rede. Entre essas especificações, estão algumas soluções que permitem ao BACEN interferir nas contas e nos tokens dos usuários, como:
Habilitar e desabilitar contas para movimentação.
Aumentar e diminuir o total de tokens na conta.
Movimentar as tokens sem aprovação do dono da conta.
Criar e queimar (mint and burn) tokens de um endereço específico.
Essas soluções foram vistas como “falhas” por alguns puristas, que defendem a liberdade e a privacidade dos usuários de criptomoedas. No entanto, o BACEN esclareceu que essas soluções não são falhas, mas requisitos para atender à legislação brasileira, que exige que o BACEN tenha controle sobre a emissão, a circulação e a fiscalização da moeda nacional.
O Real Digital não será uma criptomoeda, apenas utilizará as tecnologias de blockchain para a gestão do dinheiro que continua sendo controlado pelo BACEN e regulamentado pelo estado brasileiro. A rede será privada e permissionada, o que impossibilita agentes externos participarem da rede sem passar por um credenciamento no BACEN. Isso deverá mitigar bastante o risco de “invasão”. Mas se houver interoperabilidade com outras redes públicas, o risco de segurança (roubo digital) poderá ocorrer nas “blockchain bridge”, que são pontes que conectam diferentes blockchains.
Real Digital e seu Potencial: O Real Digital é um projeto do Banco Central do Brasil que visa criar uma versão digital da moeda nacional, que possa ser utilizada para realizar transações de forma rápida, segura e barata. O Real Digital utiliza a arquitetura do Hyperledger e é compatível com a Ethereum Virtual Machine (EVM), o que permite a criação de contratos inteligentes na plataforma. Esses contratos são programas que executam automaticamente as cláusulas de um acordo, sem a necessidade de intermediários ou confiança entre as partes.
O Real Digital tem potencial para trazer inovações e benefícios para o setor financeiro e para a sociedade em geral. Por exemplo, ele pode facilitar o acesso a serviços financeiros, reduzir os custos de transação, aumentar a eficiência e a transparência do sistema, estimular a inclusão financeira e promover a integração com outras plataformas digitais. Além disso, ele pode abrir espaço para o investimento em criptomoedas, que são ativos digitais que utilizam a tecnologia blockchain para garantir a sua segurança e confiabilidade.
Requisitos e Infraestrutura do Real Digital: Para participar do Real Digital, os bancos devem ter permissão do Banco Central do Brasil, que é o responsável por controlar e supervisionar a rede. A comunicação entre os participantes é realizada por meio da Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN), que é uma rede privada que interliga as instituições financeiras do país. Cada participante do piloto terá um único nó na rede, que é o computador que armazena e atualiza a blockchain. Os nós devem seguir requisitos de resiliência, como ter validadores e fundadores implantados em locais diferentes, como Brasília.
A infraestrutura do Real Digital utiliza contêineres Docker para implementar os nós da rede. Os contêineres são ambientes isolados que permitem executar aplicações de forma independente do sistema operacional. Eles facilitam o gerenciamento, a escalabilidade e a portabilidade das aplicações. Além disso, o Real Digital utiliza APIs (interfaces de programação de aplicativos) que permitem a comunicação com a rede. As APIs são conjuntos de regras e protocolos que facilitam a interação e a integração de aplicações com o Real Digital.
Smart Contracts e APIs: O Real Digital permite a criação de smart contracts (contratos inteligentes) na plataforma. Esses contratos são chamados de chaincode no Hyperledger e podem ser desenvolvidos utilizando a linguagem Solidity, assim como na rede Ethereum. A linguagem Solidity é uma linguagem de programação orientada a objetos, que permite definir as variáveis, as funções e as regras dos contratos inteligentes. Os contratos inteligentes podem ser utilizados para automatizar diversos tipos de acordos, como pagamentos, transferências, empréstimos, seguros, votações, entre outros.
Para comunicar com o Real Digital, é preciso utilizar APIs (interfaces de programação de aplicativos) que permitem enviar e receber dados da rede. As APIs são conjuntos de regras e protocolos que facilitam a interação e a integração de aplicações com o Real Digital. Existem diversas APIs disponíveis para trabalhar com blockchains, como o web3.js e o ether.js. Essas APIs permitem realizar operações como criar contas, enviar transações, consultar saldos, invocar contratos inteligentes, entre outras.
Considerações Finais: Neste artigo, abordamos os conceitos básicos de segurança e blockchain, bem como a arquitetura do Hyperledger e as diferenças entre blockchains públicas e privadas. Também apresentamos o Real Digital, um projeto do Banco Central do Brasil que visa criar uma versão digital da moeda nacional, que possa ser utilizada para realizar transações de forma rápida, segura e barata. O Real Digital utiliza o Hyperledger e é compatível com a Ethereum Virtual Machine (EVM), o que possibilita a criação de contratos inteligentes na plataforma. O Real Digital tem potencial para trazer inovações e benefícios para o setor financeiro e para a sociedade em geral, bem como abrir espaço para o investimento em criptomoedas.
As informações acima foram discutidas no Grupo de Estudos que se reúne todas as terças-feiras, às 20h30, no servidor do Discord Português da Web3Dev. Nesse grupo, discutimos conceitos fundamentais, compartilharemos recursos e trabalharemos em projetos práticos para aprimorar nossas habilidades em Solidity.
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