Introdução
Esse é um artigo bem longo explicando um pouco sobre a filosofia por trás das blockchains, equívocos quanto a suas funcionalidades e principalmente, o papel da blockchain NEAR para o próximo ciclo de inovações que vem pela frente, no ambito da cripto.
Já programou o quadradinho?
Se você já trabalhou com Excel ou bancos de dados, deve saber sobre as tabelinhas onde os valores são inseridos linhas por linhas, coluna a coluna, a cada entrada no sistema, sempre respeitando o atributo no topo de sua coluna, aquele que classifica o dado. Saiba que a blockchain funciona de uma forma parecidíssima!
Em essência, no presente estado, estamos falando de atribuir valor a uma chave. Tem-se a chave como a referência ao nome da variável que será o topo da coluna no banco de dados, enquanto os valores, serão inseridos abaixo dessas chaves. Ao realizarmos as devidas alterações em nosso banco de dados, nós salvamos os novos registros, edições e exclusões. Quando registramos algo na blockchain, nós criamos ou editamos alguma variável. Porém destruir não é uma opção. E diferentes de muitos banco de dados, tudo que acontece na blockchain é registrado e vinculado permanentemente, cada interação já executada fica armazenada perpetuamente. Tornando-se o banco de dados público e imutável de maior escala, em toda a internet.
Infelizmente, no momento as blockchains são focadas ao uso financeiro devido a sua segurança e permeabilidade na zona cinza, existindo um custo para operacionalizar dentro da rede devido ao serviço que esta fornece. Talvez tenha sido criada, desde o processo de mineração até a venda de produtos e serviços digitais, uma cultura de coletar taxas pelos processos executados.
FEES (Taxas)
Muitos tratamentos podem acontecer antes de uma variável ser atribuída a uma chave, mas somente ao validar a transação, esta será incrementada no banco de dados. Por exemplo, ao realizar uma operação de 100 Reais através de uma corretora descentralizada, visto que esta corretora configurou em seus contratos para 0.5% do valor ser automaticamente enviado para outro destinatário - provavelmente um de seus cofres – será executada uma matemática, uma simples regra de três, enviando a quantia para dois locais diferentes.
Repare na frase: “Enviando a quantia para dois locais diferentes”. Essa frase é muito bem interpretada e compreendida hoje em dia, porque estamos acostumados com a ideia de que o dinheiro precisa, passar por diversos bancos, sistemas governamentais, superiores até que chegue no usuário final como prova de esforço/trabalho. O dinheiro parece que anda!
Já a blockchain vem com uma narrativa diferente, onde existe esse registro público de transações mantido virtualmente por vários computadores realizando o processo de mineração. O importante a se assimilar é a facilidade de mover criptoativos em seus ecossistemas, basta trocar valores no banco de dados.
Aquilo que é trazido a público pela mídia possui um caráter imaturo, propõe uma perspectiva que não é muito analisada profundamente, raspa o topo do iceberg e meramente enxerga a água, mas que, conforme você mergulha, e a pressão se eleva, descobre-se que a cripto não é um iceberg... - mas sim uma montanha submersa, enraizada no planeta terra, uma gigantesca estrutura que vai reorientar o forma como lidamos com a maior tecnologia já inventada pelo ser humano: O dinheiro.
Em criptomoedas e blockchains, o dinheiro não vai “de um lado para o outro”.
Abstração
Existe um banco de dados orientando em que, A possuí uma quantia em seu balanço, assim como B, e se ambos decidirem realizar transações entre si, o contrato C vai orientar essa interação e manipular os valores de entrada e coordenar os de saída. Veja bem, contratos inteligentes, são os gerenciadores de ativos, equações e funções que alteram valores inseridos e os incorporam em uma abstração. Calma, parece loucura, mas vamos juntos estruturar uma abstração. Para esse exemplo em específico vamos utilizar a EVM da Ethereum.
A abstração é uma máquina de “estados”, estados de variáveis, estados de contratos, estados de tudo que é mutável até que a próxima atualização da abstração ocorra. Tal atualização é dada pela fórmula: Y(S, T)= S'. Dado um antigo estado (S) e um novo conjunto de transações válidas (T), a função de transição de estado de Ethereum Y(S, T) produz um novo estado de saída válido S'.
Cada vez que todos os novos conjuntos de transações válidas chegam na capacidade total da EVM, estes dados tornam-se blocos. Por fim são incorporados à abstração, tornando-se parte de sua história – de seu registro - e que aguardará o próximo conjunto de regras e alterações entrarem em vigor. A máquina de estados, a abstração que, no final de contas, é um gerenciador de dados ou, um banco de dados.
A blockchain é algo grande, uma ferramenta que veio para complementar a maior tecnologia criada pelo ser humano: o dinheiro.
Setor Privado
A prática coorporativa atual tem sua consolidada ideia de possuir seu próprio banco de dados para lidar com suas informações privadas, seja de operações, clientes etc. Esse sigilo de dados é algo altamente valioso - percebe-se pelo alto valor que a informação possui atualmente. Há várias maneiras de utilizar blockchains para armazenar todo e qualquer tipo de informação, inclusive informações confidenciais. Não se deve confundir com a ideia de que blockchains são completamente expostas e que há um vínculo direto entre pessoa física e endereço público, enquanto de fato, um usuário retem controle de diversas carteiras e, tem acesso a criar infinitas carteiras, existindo mais possibilidades de carteiras do que grãos de areia no planeta terra (16^42). Blockchains são recentes e complexas do ponto de vista de entrada de uma pessoa que não possui muito contato com o setor de tecnologia. Mas elas trazem uma maneira inovadora de contribuir para ambas as partes, entre usuário e provedor de serviços.
A blockchain é um sistema que executa e registra serviços virtuais, pagamentos e assinaturas, não devendo ser vista como um serviço que uma determinada empresa irá utilizar especificamente como banco de dados ou sistema financeiro de seus clientes. Ela deve ser vista como a ferramenta que permite a integração segura, barata e acessível entre diversas empresas do mesmo meio, pessoas físicas e instituições. Praticamente um governo de ativos virtuais. Um sistema que provê terras e serviços – nesse caso virtuais – e cobra uma taxa de serviço para manter e aprimorar o ecossistema, onde permite que usuários criem e providenciem serviços para outros usuários.
Poucas Blockchains
Popularmente existem poucos tipos de blockchains – menos de 100 - e estas, em maior parte, se assemelham principalmente pela ideia de consenso e descentralização. Cópias do mesmo sistema: Ethereum, por lógica, as que partilham da mesma mecânica, possuem maior facilidade quanto a portabilidade. No entanto cada uma terá um público diferente, uma taxa diferente, uma série de empresas e instituições por trás.
O número de projetos criando blockchains para propósitos diferentes está se tornando cada vez mais comum. Isso ocorre porque a blockchain é completamente programável e pode se adaptar a literalmente qualquer necessidade que exista. O porém é que, quanto mais se refina uma utilidade em específico, mais eficiência será perdida em outros processos, exigindo refinados ajustes e balanço entre todas as mecânicas para não prejudicar o ecossistema a para o longo prazo.
Existem blockchains eficientes e focadas em transações institucionais e empresariais como XRP e XLM, assim como existem blockchains especializadas em reduzir atritos de interoperabilidade, como a Polkadot. Blockchains especializadas em smart contracts, em armazenar valor, para esportes, vídeo games, redes sociais, demasiadas são as utilidades e muitas são as vantagens de se migrar para cripto como uma maneira de orientar a estrutura de dados do seu modelo de negócio.
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